Iniciando esse artigo de reflexão metafísica, inspirado no tema da lição bíblica: “São reais o pecado, a doença e a morte?” importa destacar o fato de que ela toca num ponto bem importante ao aprimoramento do caráter cristão, que abarca todos os nossos relacionamentos, interpessoais e inter institucionais, inter classes sociais, qual seja a qualidade da humildade compassiva e do perdão, sem julgamentos ou críticas, em relação ao nosso próximo, seja ele quem for, onde ele mora, sua classe social, cor da pele, ou nível de instrução, ou sua crença religiosa, ou, se ele acredita ou não em Deus.
A humildade da compaixão e do perdão é um ponto chave na moral e prática cristãs e resulta em crescimento espiritual, liberdade e felicidade! Afinal quem se arrogaria a uma inquisidora/Inquisidor — numa referência ao tribunal da Inquisição da Idade Média — função ou cargo, que parece ser muito disputado hoje em dia: o de “fiscal” ou “olheiro” de um deus antropomorfo e impiedoso, que não tem nada a ver com o Princípio-Deus, o Amor divino, paciente, compassivo e todo-amoroso. É preciso rever nossos conceitos e nisto a Lição Bíblica pode nos ajudar muito.
Há uma tendência comportamental de apartar quem merece o bem de quem não merece. Mas, graças a sabedoria onisciente da Mente divina, inexiste meritocracia no reino de Deus; nem tão pouco o tão temido juízo final, que é um conceito teológico bem explicado e dimensionado à luz da Ciência Cristã. Sobre o título marginal: “Dia do julgamento” a Sra. Eddy leciona:
Nenhum juízo final aguarda os mortais, pois o dia em que a sabedoria profere o julgamento vem a toda hora e continuamente, isto é, o julgamento pelo qual o homem mortal é despojado de todo o erro material. Quanto a erro espiritual, esse não existe.
Ciência e Saúde p. 291: 30
Com base no que nosso grande Professor, Jesus nos ensinou, na declaração compartilhada abaixo, os que aparentemente “menos merecem” pelo crivo da sociedade, são os que mais precisam daquele amor cristão, sanador e salvador, que nosso Mestre nos ensinou e levou até as últimas consequências, em sua própria experiência, sem reagir, na sua crucificação, injusta e cruel. A sua bênção abonadora para todos, sem exceção, especialmente aos que mais necessitam foi:
E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento. Marcos 2:17
Para colaborar na compreensão do perdão divino infalível, na Seção 2 revisitamos o relato da mulher adúltera, na citação (8) João 8: 3-11. Alguns detalhes me chamaram a atenção. A força da moralidade na tradição judaica da época, com base na lei, a qual sentenciava a pena de morte cruel, por apedrejamento, quem incorresse em adultério.
As leis evoluíram. Mas, quantas vezes, ainda hoje, ouvimos manifestações populares do tipo: “... foi uma morte justa, pois ele merecia morrer, por ser um criminoso.“
Penso ser um tipo de sugestão mental agressiva o que levar a um ímpeto condenatório, desumano e cruel, que se pudesse privar o transgressor de um julgamento justo e do seu direito de ampla defesa, o faria para dar vazão ao seu ódio e preconceito, ignorantes e deliberados. Ponderando sobre a coragem moral de Jesus, no relato da mulher adultera, chegamos a conclusão que tal ímpeto condenatório não leva em conta o perdão divino, o qual salva e liberta o transgressor, mas não poupa o mal, destruindo o pecado pelo poder moral do Espírito.
Há algumas formas emergentes deste tipo de ímpeto condenatório da mente humana, de criticar, julgar e condenar, na rapidez de um clique. Um exemplo disto é o atual “cancelamento”, expressão que ainda não foi incluída no dicionário, mas implica numa prática que tem sido muito usada no ciberespaço — na Internet e suas redes sociais. O tal “cancelamento” é uma forma de má prática mental agressiva, ou assassinato mental, que pretendem fazer justiça pelas próprias mãos e alijar contra alguém, alvo de um desafeto, ou discordância, um ódio com a pretensão de influenciar/contaminar, erradamente a opinião pública, para cancelar completamente determinada pessoa — blogueiros, os chamados influenciadores digitais, e, outras celebridades.
Voltando aquele momento tenso, Jesus escrevia no chão, enquanto os acusadores enfurecidos, traziam o caso da mulher apanhada em flagrante adultério, para ver se conseguiriam flagrar na resposta do Mestre, uma tentativa de contrariar a lei que impunha o castigo de apedrejamento, ou se ele, atenderia ao clamor social e popular a favor do apedrejamento, sem nenhum direito de defesa daquela mulher no limite de sofrimento e humilhação pública. O que levaria ao extremo do descumprimento do Mandamento: “Não matarás”. Era um tipo de cilada muito bem arquitetada por mentes sacerdotais maldosas e um ódio fanatizado que procuravam pegar Jesus em algum erro, para subsidiar a sua condenação.
Como sempre, a Mente divina — o único saber consciente — já tinha a solução, inspirou Jesus a perguntar que aqueles que dentre os presentes estivesse sem pecado, fosse o primeiro a atirar pedra na mulher. O que aconteceu? Leia na lição e perceba que o Cristo, como divina manifestação de Deus, também falou a consciência humana dos presentes, e, consolou e perdoou a mulher, exaurida em suas forças, e completamente apavorada com a iminência de seu castigo fatal.
No final surpreendente, todos foram abençoados, com a presença, amor, liberdade e transformação que a lei de Cristo, que está acima da leis humanas, realizou naquele momento extremamente tenso. Jesus perguntou a mulher onde estavam todos os seus acusadores? A condenação social sumária e cruel foi neutralizada! Diante de todas essas evidência da salvação em Cristo, Jesus declarou a ela que ele também não a condenaria. Na sequência, deu a ela a orientação, definitiva e salvadora, para que ela deixasse de pecar.

A atitude compassiva e proativa do divino Mestre, continua sendo a base para lidarmos tanto com nossos próprios enganos, como com o pecado dos outros, o qual nos chega, pela tentação de observar a vida dos outros, ou por intermédio de quem gosta de ocupar-se de apontar o dedo, criticar, julgar e condenar — o que é um tipo de pecado pouco reconhecido! Jesus, nosso único Modelo, nunca fez isso, ele nunca emitiu um comentário desabonador em relação a alguém, nem tão pouco criticou, julgou ou condenou seu próximo. Antes pelo contrário, ele ensinou o valor do perdão, sem o qual, podemos estar tentando criar um entrave mental ao desdobramento natural do bem. É o que se infere desta recomendação:
Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta.
Mateus 5:23-24 ARC
Parte da citação {13} que finaliza essa seção maravilhosa resume tudo, na simplicidade própria de Cristo:
O meio de se libertar do sofrimento causado pelo pecado é deixar de pecar. Não há outro meio.
Ciência e Saúde, p. 327: 14-15 (até 2º .)
O banner abaixo traz a lembrança da frase de Jesus:
Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo.
Marcos 13:33

Há outros tipos de críticas e julgamentos que não cabem na prática da Ciência Cristã, como aquela que observa e se pronuncia, sem ser solicitado, em relação a decisão individual de alguém, seja sobre se vacinar, ou não; seja sobre o uso de um outro método temporário para aliviar alguma dor tida como insuportável. A Ciência Cristã traduz a liberdade absoluta de pensar e agir imanente à Ciência do existir e estabelecida na Ciência divina.
Conforme tenho aprendido no estudo e prática da Ciência Cristã, a crítica e julgamento, descabidos, são tipos de má prática mental, que não encontra apoio nem espaço na prática cristã. A razão principal deste descabimento é também uma orientação direta de nosso grande Professor e único Modelo na Ciência Cristã, que está no banner abaixo, conforme relatado em Mateus 5: 1,2, a qual foi proferida no início do Sermão do Monte, considerado um pequeno resumo do Cristianismo do Cristo.

A pergunta tema da Lição desta semana: “São reais o pecado, a doença e a morte?” estão respondidas, uma a uma, com maestria e primazia, nas seis seções da lição. Observe que uma seção inteira é dedicada à neutralizar a crença de pecado, outra à lidarmos com a sugestão mental de doença, e outra ao superarmos o grande medo que pretende afligir a humanidade, especialmente no momento ue estamos vivenciando.
Um autoexame contínuo: Separar o joio e o trigo na consciência:
Na seção 2 encontrei o senso de contínuo exame consciência individual no que tange a diferenciar o que provem do Espírito, do que provém das crenças coletivas e materiais. No meu olhar, esse é único tipo de “julgamento” da qualidade e origem dos pensamentos, aceitável à espiritualidade crística. Isto é: no sentido de uma auto avaliação diária e contínua, com a razão e inspiração, retendo só o que é bom e faz o bem. Outrossim, neutralizando, desapegando-se e abandonado práticas farisaicas, antigas e modernas, que conspiram contra o bem, a justiça e harmonia nos relacionamentos e em nossa prática cristã, gerando polarizações e exclusões, que não condizem com o amor cristão:
As demonstrações de Jesus separam a palha do trigo e evidenciam a unidade e a realidade do bem, assim como a irrealidade, a nulidade, do mal. Ciência e Saúde, p 269:5 – citação 7 – Seção 2
Que bom saber, à luz da Ciência Cristã e seu Cristianismo prático e científico, que tal como nosso Modelo e único Mestre, podemos deixar que nossas demonstrações — e não mero palavreado — colaborem para separar a palha (joio) do trigo, os pensamentos errados dos pensamentos perfeitos e científicos, ou seja, das mensagens angelicais, poderosas e sanadoras, que fluem de Deus para Sua ideia, eu, você e toda a humanidade. Que maravilha esse estado mental de consciência elevada, que abençoa individual e coletivamente, neutralizando o miasma mental pesado da crítica, do julgamento, do sentimento de culpa e autocondenação.
Um destaque para leitura extra é um post que traduzi colaborativamente, com a revisão final de uma professora de inglês, carioca, o post do blog Spiritview.net, cujo link do artigo original está ativo lá no post/publicação. Nele o autor, Evan, responde a pergunta: “Por que você não tomaria a vacina se tivesse oportunidade?”
Bom estudo, excelente elevação diária da consciência e acima de tudo: belas e felizes demonstrações da luz, poder, presença, amor, energia e força de Cristo, ativo, vivo e atemporal — por mais simples que sejam tais demonstrações cotidianas! Tudo para a glória e louvor do único Princípio divino, Deus!
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Publicado em 4 de abril, 23h. Jackson Guterres, CS – Brasil
Atualizado em 8 de abril, 10h. Revisão textual.
